"O Mundo da Web é a fonte de eleição da grande maioria dos alunos para as suas pesquisas. Até há quem diga que já não sabem encontrar informação nos livros..."
in A Internet vai à escola - Revista Educarehoje, Edição Especial nº3
Se considerarmos a Internet como um centro de recursos, um computador a ela ligado, não é um simples computador, reúne a soma de todas as memórias interconectadas e a infinidade de acessos. A WWW é a grande mãe de todos os hipertextos, uma biblioteca mundial que disponibiliza diversos textos em formato on-line, o que explica a enchente dos jovens estudantes a este recurso mundial!
Surge assim, outra questão perante as novas tendências, “Será o fim das bibliotecas de papel?” Fazendo referência à ideia de que os hipertextos tornarão obsoletos os manuais e enciclopédias (Umberto Eco, 2003), a nossa reflexão assenta no pressuposto que não é aceitável que se destrua conhecimento. Consideramos que devemos preservar a cultura dos livros, não rejeitando a premissa de que devemos ter um olhar ecológico, com vista a poupar a Natureza do consumismo maciço dos seus recursos.
No artigo evidenciado anteriormente, surge ainda outra questão. Manuel Esperança concorda com a importância deste instrumento de pesquisa, contudo, ressalva para o seguinte facto:
"Na minha opinião há um erro nisto tudo: os alunos deixam de folhear livros. [...] eles esquecem-se que, assim que encontram as informações que desejam, não basta fazer corte-e-cola [...] A rapidez da inovação tem destas coisas... e há-que corrigi-las sob pena de se perderem valores essenciais."
Deixamos em aberto para reflexão esta questão, bastante pertinente na actualidade do mundo virtual - o plágio.
O presente artigo tem como tema principal a construção de histórias digitais, enquanto actividade lúdico-pedagógica no âmbito da Educação através das novas tecnologias de informação.
Os autores apresentam um conjunto de características presentes nesta forma particular de conjugação de texto, imagem e som. A história digital consiste numa sequência de imagens, combinadas com a narrativa, que confere a efectiva denominação de história e remete para o acto de contar a história. As imagens articulam-se não só com o texto, mas também entre si.
Esta metodologia constitui-se como forma peculiar de expressão da voz do escritor, uma vez que concretiza-a numa voz real, narrada e efectivamente, sonora, ao invés o texto escrito em papel, por si só, não lhe confere esta particularidade.
“…what makes this different is that it’s somewhere between a movie and a slideshow but that it allows my thoughts and voice to be on the screen with the images that I see in my head.”
Elliot, estudante da turma onde foi desenvolvido este projecto
Etapas do processo de construção da história digital
Com base no desenvolvimento de um projecto bienal, na “Curry School’s Centre for Tecnology and Teacher Education”, Universidade da Virginia, os co-autores do mesmo sugerem etapas no processo de construção de histórias digitais. O projecto foi promovido em turmas com alunos da faixa etária dos cinco aos dezoito anos.
São então definidas sete etapas cruciais na construção de uma história digital. O ponto de partida para quaisquer dos passos assenta, sobretudo, no pressuposto de que esta metodologia pode ampliar potencialidades quer de expressão, quer de compreensão oral e escrita nos alunos que a exploram.
A primeira etapa consiste na elaboração de um “script”, guião orientador que se focaliza na escolha de elementos essenciais da história e do que irá ser representado no seu formato digital. Se compararmos a história impressa e a história digital, a segunda torna-se mais atractiva pois está segmentada, à partida, em partes ou sequências importantes para a compreensão da mesma; por outro lado, a história impressa requer mais dedicação no momento de leitura, ou seja, uma leitura mais prolongada, que pode ou não ter o complemento de ilustrações, facilitadores de compreensão.
A segunda etapa prende-se com a planificação do “storyboarder”, ou seja, é o conjunto dos recursos visuais que se pretendem mostrar, podendo ser uma sequência de imagens e em alguns casos, um pequeno vídeo. As imagens são efectivamente, uma representação concreta e simbólica de uma ideia ou situação. Nos espaços intra-sequenciais existe um fio condutor, assegurado pelo texto que sugere as ideias principais da história.
O terceiro passo diz respeito à discussão e revisão do projecto, no momento que se encara como partilha de ideias e opiniões e também um feedback do grupo. Sugere-se que esta discussão seja proporcionada em pequenos grupos, em que os principais objectivos são desenvolver a dimensão pessoal através do espírito crítico e criar elementos de ligação entre a história e a pessoa. Neste passo, há espaço para se ponderar quais são realmente os elementos chave na história, falar sobre o que se vê e ouve e da forma como este ver e ouvir se cruzam entre si.
O quarto passo consiste na efectiva transformação do material recolhido (imagens) em suporte dinâmico: vídeo. Para isso, existe um espaço para o qual se importam as imagens que permite organizá-las numa sequência. Existem aspectos a ter em conta neste momento, tais como a escala e qualidade das imagens, em função do tamanho total do ecrã de projecção, a fim de evitar erros de resolução.
O passo seguinte é relativo à inclusão da narração no suporte. Previamente à sua integração no processo, é necessária a gravação da narração, aconselhável em pequenos segmentos, para que seja mais acessível manusear os ficheiros e se evite a repetição de gravações, decorrentes de enganos em gravações de textos extensos.
O ponto seis refere-se a pormenores mais estéticos da construção da história: os efeitos de transição e animação dos textos e imagens. Estes efeitos devem surgir enquadrados pertinentemente nos momentos da história, de forma a apelar à sua compreensão e, nestes, casos o factor tempo requer revisão.
A última etapa considera o elemento musical no processo. Pode ser incluída na história, uma faixa áudio, funcionando como fundo. Por razões várias, é adicionada opcionalmente, daí ser o último passo na construção das histórias digitais.
No final destes processos, é feita uma conversão de todos os ficheiros num só, o vídeo.
Comentário:
A leitura deste artigo proporcionou-nos uma visão mais concreta de como deve ser o processo de construção de uma história digital que, de certa forma, chocou com a nossa metodologia de construção. Um caso concreto deste paralelismo é a prioridade que é usual dar à conjugação das animações de vídeo com a música, sendo estes dois elementos precisamente os últimos a rever neste processo.
Os autores referem também erros comuns feitos pelos alunos e procedimentos que devemos manter presentes no trabalho dos alunos, tais como, gravar sempre as versões de ficheiros num CD, fazer várias gravações do documento à medida que o alteramos, referir sempre as fontes de imagens, entre outros.
Com vista a partilhar informação com outros profissionais da área de Educação e no âmbito da U.C. Língua Portuguesa e as TIC, foi proposta a criação de um blogue, que reunisse para além dos documentos e as actividades realizados durante todo o semestre, pesquisas autónomas consideradas, pelo grupo, pertinentes e contextualizadas com as aprendizagens adquiridas.